quinta-feira, 15 de outubro de 2009

TE VEJO EM 2016!!!

A cidade do Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Ouvimos muitas opiniões contrárias à candidatura e à realização dos jogos por aqui. Depois da vitória consumada, alguns depoimentos trágicos, alguma exaltação pelo trabalho realizado pela equipe de marketing e pela atuação do presidente Lula (e não só com relação aos Jogos Olímpicos...), feitos não necessariamente por pessoas diferentes.
Também começamos a ver veiculadas as opiniões sobre o processo de formação esportiva, ainda que não explicitamente... Quanto a isso, me chamaram a atenção algumas vinhetas com "futuros atletas" brasileiros. Crianças com idade entre 7 e 11 anos, falando sobre a modalidade que praticam, há quanto tempo, sua rotina de treinamento e seus principais títulos. Além, claro, da esperança de estar no quadro de atletas olímpicos do Brasil no Rio de Janeiro, expressa na fala: "Te vejo em 2016".
É esse o modelo de formação esportiva que queremos para o nosso país e para os cidadãos desse país? Crianças submetidas a uma rotina específica de treinamento desde cedo? Buscando títulos municipais e estaduais desde cedo?
Vamos utilizar nossos conhecimentos de matemática e aliá-los a algumas informações sobre preparação esportiva: estamos em 2009, para 2017, faltam 7 anos. Uma crianças de 11 anos (para ser boazinha) terá 18 anos em 2016. Essa é a idade para alcançar um nível de desempenho olímpico? Há estudos que apontam a idade aproximada de alcance do melhor desempenho esportivo. Um deles [1], utilizando atletas olímpicos, traz algumas referências para as modalidades coletivas: entre 22 e 28 anos para basquete, futebol e voleibol e entre 22 e 26 anos pra o handebol. É claro que é uma referência que não deve ser encarada de forma rígida, mas deve ser considerada. Então, vamos lá: um atleta que em 2016 terá seus 24 anos, no auge da sua competência esportiva, tem hoje 17 anos!!! Alguém está olhando para esse atleta?
E essa não é a única pergunta que nos cabe fazer e buscar alternativas de resposta:
  • que olhar estamos dando à prática esportiva infantil?
  • estamos, de fato, preocupados com um processo de formação esportiva em LONGO prazo?
  • que cultura esportiva estamos disseminando?
Entre tantas outras...
Estamos no meio de um período potencial para tratar dessas questões. Tendo como referência não somente os resultados em 2016, mas principalmente os ganhos permanentes que podemos ter em todo e após esse processo.
E é por isso que te vejo em 2009, em 2010, 2016, 2021...

[1] BOMPA, T. O. Treinando atletas de desporto coletivo. São Paulo: Phorte, 2005.

2 comentários:

  1. É Thati,

    Infelizmente o marketing, quando se trata de esporte, é puro senso comum recheado de apelo sentimental... Dias atrás, conversando a respeito ouvi algo realmente interessante: o Brasil não faz marketing esportivo de verdade, apenas faz marketing NO esporte
    Mas vamos lá, é para isso que estamos aqui e acolá, no blog, no PET, nos fóruns e seminários sobre as temáticas do Esporte e Educação.

    bjs,

    P.S. Maykell, onde estão sus reflexões sobre o tema? Estamos esperando!

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  2. Não, a coisa não tá nada boa, não...

    Na terra dos helicópteros caídos, o COB já inicia o planejamento da construção de seu Centro Olímpico de Desenvolvimento de Talentos... "desenvolvimento" este balisado em peneiras, em parceiria com clubes e financiado em quase 50% por entidades privadas (não apresentadas).

    Nuzman e seu COB, mesmo sob investigação pelo MP, têm esse seu projeto incentivado pelo Ministério do Esporte.

    o Circo dos Sonhos está montado!

    e como circo é construído sobre risos, divido com vocês o q li no blogo do Alberto Murray: “Na China fizeram o Ninho de Pássaros. No Rio vão fazer o Ninho de Ratos.”

    advinha quem será Mestre Splinter?

    bjos

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